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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

O que desejo para 2019, 2020, 2030....


Então 2019 está aí batendo na porta, já está tudo praticamente certo para recebê-lo... 2018 despedindo-se... ano de extremismos, ano de resolver bagunças, colocar a mão no lodo interno, ano das máscaras caírem e se espatifarem e você redescobrir pessoas que estavam ao seu lado que você achava "x" e descobriu que eram "y". Ano das limpezas, ano da coragem em pleno teste, ano das dificuldades, ano da sobrevivência, da autoavaliação, das solidões necessárias...
Meu 2019 começou em julho de 2018, quando participei de um Festival no Peru com "Cartas de Além Mar" e tive que enfrentar todos os meus fantasmas do passado, juntar pedaços que havia deixado por lá e fazer uma das apresentações mais lindas da minha vida. Voltei mudada, inteira, curada, reconstruída. Senti na pele a troca de pele, que dói tanto, porque nos apegamos a bobagens. Fiz as pazes com o passado, cortei o cordão umbilical.Me aproximei de pessoas, finalmente disse NÃO para coisas que não queria mais, me afastei de outras que não tinham nada a ver comigo, mas me deixei levar, estou fazendo as pazes com meu corpo que estava abandonado.
2018 para mim foi um ano do quase... quase desisti, quase parei, quase perdi a elegância, quase briguei, quase adoeci, quase... mas pela graça dos deuses surtados da amabilidade teatral do cu do mundo (sim eu gosto de falar cu) eu me contive. Estrategicamente parei, pensei, guardei muitas opiniões para mim e só falei para quem realmente pediu e queria ouvir de verdade. Entendi muito. Me aproximei mais da família (ainda falta um longo percurso). No meio disso criei, inventei como se não houvesse amanhã. Era mais que sobreviver, era necessário. Minha alma sofria em silêncio, e na Arte ela podia se libertar. Sempre foi assim regado a chuva e claro, muito café, minha melhor companhia.
Então não estou esperando o ano terminar, para mim 2019 já começou e será o ano mais importante da minha vida! O ano da colheita e eu sei bem o que  plantei nos últimos anos. Na verdade só eu sei... comecei a me estressar menos, me movimentar mais pelo MEU trabalho, afinal movimento gera movimento! As piadinhas que ouvi de colegas próximos ficaram para trás, cada um dá o que tem, e cada um sabe de si. Só me afeto se abrir brechas... não farei mais isso. 
Houveram trabalhos que não andaram como eu queria e eu tentei entender isso sem sofrer, outros que eu nem imaginava e seguiram de uma forma leve e divertida. Houveram contratações fantásticas de coisas que nunca imaginava que seria capaz, conheci muita gente bacana, recebi muitos elogios do meu trabalho de lugares distantes, Canela já não é mais meu lugar e e 2018 isso ficou muito claro pra mim. É o lugar que vou morar (por enquanto). O Estúdio de Pesquisa Teatral sou eu e eu sou o Estúdio. Ele estará onde eu estiver. Por aqui já fiz o que devia e precisava e depois não tenho mais paciência para discursos inflados (de várias pessoas, inclusive de amigos) de "apoio a cultura local", escuto isso há tantos anos que me cansei. No frigir dos ovos sabemos que é sempre valorizado e bem pago o de fora. O daqui espera, o daqui é coadjuvante, o daqui a gente negocia. Não é crítica, é desabado de quem tem uma Cia de teatro em Canela há 24 anos. Muito já se passou, então não me tirem para idiota, não me venham com tapinha nas costas, eu VIVO Arte e pago minhas contas com ela, não quero apenas posar para foto. Chega de palhaçada! E como diria minha vó: "os incomodados que se retirem"... saíndo de cena então! Na nossa cidade as pessoas sempre olham para seu umbigo e sempre irão falar mal de quem faz... é incrível, se usassem toda a energia que desprendem para falar uns dos outros, estaríamos de volta ao topo. Todas as reuniões que participei neste ano com "tribos" diferentes, alguém sempre falou de alguém ou criticou outrém. Para quê? O que isso adianta? Na prática não resolve nada. Mas ainda acredito na Arte, na MINHA Arte. Meu foco é em mim agora! Nas minhas coisas! Seguirei assim!
O que desejo para 2019,2020, 2030 é atitude. Menos papo e mais ações coerentes e responsáveis, mais olho no olho, menos preconceito, mais amor, mais café, mais frio, mais respeito, mais caráter, mais verdade. Pessoas de verdade! Viagens, trabalhos maravilhosos e bem pagos, valorização e ...
(as reticências são coisas obscenas que também desejo e irão se realizar rá!).
Aproveito para agradecer a todas as pessoas que de uma forma ou de outra estiveram comigo este ano. Seja em pensamento, dividindo palco, apoiando meu trabalho, com msgs carinhosas que sempre recebi, com abraços, ou até afastamentos. Meu respeito profundo a quem escolheu ficar longe de mim porque nosso ciclo encerrou. Aceitar o fim também é importante!
Eu recomeço e me regenero sempre! Sinto e estrategicamente me afasto. Não brigo mais! Só torço para que tudo dê certo e se não der não vou dizer "eu avisei" e sim "vai lá, fracassa de novo, tenta de novo, fracassa melhor" (Beckett).
Meus amores, não me odeiem, eu sempre falo e escrevo o que penso, olho no olho. Não tem indireta nenhuma aqui a ninguém, todas as coisas que me incomodaram este ano eu procurei falar e resolver. Não sou dessas... Sou bem simples na verdade, as pessoas que adoram me rotular porque não me conhecem.
Que venha 2019, o ano vira, as "peleas" continuam, a gente amadurece, cai, levanta e a única certeza é que vamos sair desse mundo sozinhos como entramos. Então que nossa passagem seja produtiva, suave, inspiradora.
Feliz 2019 para TODO MUNDO (de verdade!).
Evoé!








sábado, 17 de novembro de 2018

Eu nasci... há 42 anos atrás...


Há 42 anos atrás nascia de cesariana uma menina no Hospital de Caridade de Canela, às 2h30 da manhã chamada Lisiane Silveira Berti. Filha de Armindo Berti e Eli Silveira Berti. A primeira da prole de três filhos que viriam mais tarde. Escorpiana. Infância feliz. Na terceira série morou com a avó paterna porque os pais se transferiram para o interior, os via somente no final de semana. Ano difícil e marcado esse. Mas também daí vem a amizade com a menina Helena, mais velha que ela, fruto de inúmeras histórias de feitiços e dois tombos de cavalo (nunca mais curti a tentativa de andar neles). Foi crescendo. Na sua rua da cidade, já de volta com os pais teve amigos maravilhosos os quais tem contato até hoje. Turma do volêi, da fuga das ovelhas, de andar de bici, de esconde esconde e patins. Adolescência interessante. Ensino Médio com a melhor turma que podia se ter, também em contato até hoje com a grande maioria. Vieram os primeiros amores, as primeiras desilusões, as primeiras peças escritas, as primeiras subidas em cena, o primeiro monólogo, as primeiras viagens e festas teatrais. Os primeiros empregos não ligados ao teatro. Formatura, trabalho, atalhos para a suposta chegada em um objetivo. Tempo relógio. Tic tac. Aos 25 primeira filha, amada, aguardada, esperada fruto de uma linda história. Aos 39 a segunda filha, amada, aguardada, esperada, fruto de outro história linda que não acabou tão linda, mas já foi superada.
Pessoas passaram, outras ficaram, algumas se perderam no meio do caminho, eu mesma me perdi diversas vezes. Lágrimas...risadas...recomeços. Acertos, mais acertos que erros. (eu acho!)
A gente não vem com manual de instruções e já é complicado compreender os outros, imagina olhar para dentro de si. Várias vezes precisei consertos, trocar pilhas, ir para a garantia. Várias vezes pifei. Fiquei no cantinho, "parada" acumulando pó. Houveram também grandes momentos onde minha energia foi carregada por horas e funcionei para agradar a outros. Cumpri esse papel com excelência. Foi assim com amores, amigos, trabalho, família... até que fui me dando conta lá perto dos 40 que eu não precisava de nada disso. É, perto dos 40 mesmo! Alguns velhos amigos voltaram, os amores/horrores me ensinaram preciosas lições e o teatro, meu velho escudeiro e companheiro de guerra estava ali, na trincheira. Do ladinho, segurando minha mão.
Quarenta e dois completados com sucesso. Ainda tem "N" coisas a fazer, a melhorar (em mim), desisti de querer melhorar os outros, entendi que se eu estou bem naturalmente meu entorno estará. Também digo NÃO com mais ênfase, falo o que penso (com mais cuidado), me afasto de quem me faz mal e sumo do mapa literalmente, mas não sou do tipo que deseja mal...
Meu corpo também já não é mais o mesmo. Sanfonei. Engordei e emagreci como a roda gigante...agora decidi cuidar da minha saúde (sobretudo emocional) e o resto começou a melhorar. Saí de vários empregos fixos para viver meu sonho, tem sido bem complicado, e várias vezes pensei em mandar tudo a merda, pegar um currículo e largar por aí. Nunca tive medo do trabalho. Mas também não posso sufocar em algo que não tem nada a ver comigo. 
O Universo tem sido generoso comigo, mesmo eu sendo chatinha e reclamando para  caramba (sim falo sozinha com o Universo particular tomando café). As pessoas certas tem aparecido, as parcerias, os trabalhos, os contratos...na verdade está tudo certo como está!
As eleições mexeram demais comigo. RE-descobri pessoas de uma forma peculiar. Me espantei com outras e seus posicionamentos agressivos. Sofri. Chorei. Me recolhi. Busquei entender e sempre torcerei para meu país andar. Mas não me vejo mais em Canela. Não me vejo mais na minha casa. Me sentindo meio andarilha do mundo. Esperando o próximo passo sem pressa, para o novo que virá, e que já está quase batendo a minha porta. Eu sinto! Sei que tudo isso será por uma boa causa. Eu acredito. E o que tiver de ser, sei que sou capaz. Eu consigo!
As dores passadas ficaram em algum lugar do Peru, em julho. Lá a ferida abriu, sangrou, limpou e secou. Há uma cicatriz. Mas ela não é feia. Ela me lembra da beleza de ser quem sou e ser forte e corajosa. Sigo! Sempre! Choro e sigo! Rio e sigo! Atuo e sigo! Escrevo e sigo! Tomo café e sigo! Acolhendo o inverno sigo! Não peço para ninguém ficar ao meu lado. Peço sempre verdade. Honestidade. Só isso me interessa agora. 
Recebi os melhores presentes que podia receber de aniversário: flor de um aluno pequeno de teatro que se despediu chorando, uma almofadinha de coração de uma senhora de 80 anos que ajudei a falar em público e me deu uma aula sobre amor e família, um cactus da minha ex sogra amigona de outras vidas, café dos colegas de teatro e outras "cositaas mas", videokê com os seres mais amados da minha vida que optaram estar comigo num dos espaços que mais criei este ano. Eu não quero grandes coisas, mas os meus sonhos e os pequenos desejos estão todos em andamento sejam no papel ou na minha cabeça. Alguns já em prática. Tudo aquilo que eu quero está se materializando. Faltam ainda alguns pequenos ajustes... Meu coração está tranquilo, minha cabeça alinhada com meu propósito. Não sou nem mais nem menos que ninguém. Sou eu, apenas! Não finjo para agradar, sou reta e objetiva (porém tentando equalizar o tom e a língua para não magoar) afinal, não precisa ser assim.
Sou merecedora! Sou mulher, atriz, mãe, amiga. E as coisas vão dar certo, elas precisam dar certo porque eu sempre acredito!
Eu, melhor do que ninguém, sei do que sou capaz!
Seguimos rumo aos 43...
















segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Por que?


Inspirada numa crônica de Clarice Lispector (não escrevo nem 10% do que ela escrevia) vou me questionando:

Por que tenho me sentido tão irritada ultimamente com coisas e pessoas?
Por que sinto como se estivesse andando em círculos num eterno ir e vir sem sentido?
Por que estou perdendo a vontade de dar aula de teatro?
Porque não tenho vontade de sair de casa nem ver muitas pessoas?
Porque não tenho vontade de discutir política, cultura ou nada de movimentos culturais?
Porque estou com esse sentimento de fracasso e angústia dentro de mim?
Porque sempre sou a última opção?
Porque sempre tenho que pensar em tudo, fazer tudo, organizar tudo em casa, no trabalho ou por onde ando?
Porque não sou meiga e amorosa?
Porque tomo baldes de café por dia sem nem ter vontade de tomar tanto café?
Porque me olho no espelho e só me critico e me detono?
Porque perdi a vontade de escrever?
Porque não acredito mais no meu trabalho?
Porque só tenho vontade de ir embora dessa cidade, não ver mais as pessoas que trabalho e mandar um olá no natal e olha lá?
Porque vivo contando moedas no final do mês se meu trabalho é ótimo, tem qualidade e muitos admiram?
Porque não tenho sorte no amor? Ou sorte não é a palavra certa?
Porque me irrita tanto quando me dizem que tiveram premonições a meu respeito, ou que me conhecem e eu penso como os outros?
Porque eu penso?
Porque não fico de boca fechada?
Porque não fiquei enfiada nos trabalhos fixos que eu tinha, frustada mas bem paga?
Porque decidi trabalhar e viver da Arte no Brasil?
Porque sinto inveja de algumas pessoas ultimamente, principalmente das que tem tempo livre e dinheiro e podem viajar a qualquer hora e eu não?
Porque peso 200 vezes mais do que suporto?
Porque meu corpo tem tido crises alérgicas intermináveis toda vez que me irrito?
Porque ando tão mal humorada e infeliz?
Porque as pessoas não me deixam em paz, quieta no meu canto e respeitam minha crise?
Porque as pessoas querem minha presença quando não quero estar presente?
Porque não casei, constituí família de comercial de margarina e vivo uma vida aparentemente feliz com a maioria das meninas do  Ensino Médio da minha época?
Porque escolhi Canela?
Porque escolhi ser mãe sem ter os pais junto comigo?
Porque escolhi fazer tantas coisas ao mesmo tempo e sozinha e depois reclamar que faço tantas coisas sozinha e ao mesmo tempo?
Porque ando com medo de morrer de infarto ou câncer?
Porque a chuva me atrai?
Porque gosto do frio?
Porque sinto saudades dos que já foram e não valorizo os que estão perto?
Porque tenho perdido festas e jantares de amigos queridos de propósito?
Porque estou isolada de todo mundo?
Porque não olho para o lado quando um homem me olha e finjo que não vi?
Porque fecho portas e não saio simplesmente sem olhar para trás?
Porque ainda acredito que a Arte pode fazer a diferença?
Porque me irrita alunos de teatro atrasados e descomprometidos?
Porque me dói tanto amigos que só lembram de mim quando precisam?
Porque me tornei útil apenas do que agradável?
Porque não quero falar dos meus sentimentos com ninguém?
Porque não tenho gostado de receber abraços ou abraçar a não ser as minhas filhas?
Porque sinto-me usada, pisada, maltratada, infeliz, triste, chateada e muito irritada todos os dias?
Porque sonho sempre que estou no Teatrão em Canela ou na Escola Marista fazendo apresentações?
Porque enterraram o meu cordão umbilical?
Porque não escrevo asneira em rede social e finjo cara de paisagem como todo mundo faz?
Porque não estou na puta que pariu?
Porque continuo fazendo as mesmas coisas e procurando resultados diferentes?
Porque meu Brasil está abandonado, sucateado e triste quando tem potencial para tanto?
Porque não puxo o saco dos colegas para conseguir mais?
Porque não sou politiqueira ou faço politicagem?
Porque não deixo minha boca fechada e não expresso minha opinião verdadeira só pra mim?
Porque pessoas groseiras e mandonas acabam comigo?
Porque não visito mais minha família?
Porque não apareço?Ou desapareço?
Porque não envelheço sem me preocupar tanto?
Porque só tomo cerveja preta e gosto de vinho suave e todos dão risada disso? Qual o problema?
Porque tenho finjo demência e nem me importo mais?
Porque as pessoas usam meu nome em benefício próprio sem falar comigo?
Porque as pessoas acham que me conhecem e falam como "propriedade" de mim só porqe em algum momento trabalharam comigo?
Porque não viajo mais?
Porque não atuo mais?
Porque não paro de dirigir peças de teatro?
Porque abri um espaço de pesquisa teatral se nem tem como ele se auto manter?
Porque? Porque? Porque? 
Tantas perguntas, muitas com resposta óbvia: PORQUE EU DEIXEI!
E se eu deixei, eu posso não deixar mais...
Sobre você ler isso e pensar que estou louca ou depressiva ou precisando de ajuda...(risos). Não! Não pense nada disso... só pense que escrever me acalma, é um exercício de sobrevivência para mim desde os 10 anos de idade... agendas, diários, cadernos, livros, peças de teatro... é como me regenero. Anda difícil essa regeneração, mas acredito que ainda dê para sair da lama.
Não quero mesmo falar sobre isso, não quero abraço, nem previsão de cura de gente que não sabe gerir a própria vida, de gente cruel que maltrata o garçom e vem me dar lição de moral. Só quero ficar assim, entender o que se passa aqui dentro e quando estiver bem sair de mim, trocar de pele e sentir na pele a própria dor sem se vitimar. Me libertar do peso das minhas costas, das últimas perdas da minha vida, das lutas diárias que me cansam tanto... Eu vou bem obrigado! Não sou fortaleza, também desmorono e penso que é meu direito escolher passar por isso sozinha, do meu jeito. Se isso é certo ou errado para você que me lê, esse é um problema seu! Com todo respeito, se me conhecer de verdade, como dizem alguns, me deixe em paz! Na minha solidão com cheiro de café passado.
"Nossa, como tu te expõe escrevendo? O que vão pensar de ti?" (mais risos) Há muito deixei de me importar com a opinião dos outros, não consigo fingir...só sei ser como sou e neste momento, sou cheia de perguntas e porquês? Escrevi aqui só o que podem ler o resto, guardo no peito!
Bjs da loca.
Fui me encontrar por aí, porque não está fácil para ninguém...eu sei!


quinta-feira, 14 de junho de 2018

O retorno ao Peru e o reencontro comigo mesma!


Sergio Azevedo Fotos
Estamos aqui arrumando malas e a duas semanas de voltar ao Peru e participar desta vez do I Festival Internacional de Teatro de Chiclayo "Mujeres Dramáticas". Expectativas, ajustes, produção e a certeza de que o Universo te coloca no lugar certo na hora certa. Voltar ao Peru é muito mais que participar do festival e rever amigos, é também lidar com meus fantasmas do passado, resgatar um pedaço da minha alegria que deixei lá da última vez que fui. É juntar a última pecinha dos cacos que se que quebraram para finalizar mais um ciclo na minha vida, de grande crescimento e voltar inteira. Estou pronta! Pronta para me encontrar comigo de novo, pronta para mexer nas minhas dores mais profundas e transmutá-las assim como Mariana Alcoforado. Somos um Equador de escritos... e quanta coisa escrevi nesses últimos quatro anos... Volto para lá na mesma época, novamente em julho e durante a Copa do Mundo. Volto para lá mais uma vez com um trabalho meu, mas pela primeira vez em cena, fui sempre como diretora. Volto falando de amor. No mesmo lugar onde encontrei tanto amor, que hoje vejo nos olhos da minha Helena. Volto pelas ruas onde caminhei e chorei muito, não pelo 7x1 do Brasil, mas por tudo que eu sentia e não entendia que viria. A minha intuição já me preparava para tanta coisa e ao mesmo tempo me acarinhava dizendo que eu estava protegida. Está aí, uma coisa que não tenho dúvida alguma, sou muito protegida e querida pela espiritualidade e meus guias, eles sempre estão comigo, eu sei que não estou só, mesmo nos momentos de maiores solidões...
Me sinto como se tivesse literalmente sido "treinada" para esse retorno, e todas as amarras que ainda me prendem precisam ser soltas... eu preciso me libertar do restinho da raiva, do rancor, do desamor não do outro mas meu, eu me abandonei nesses últimos quatro anos e joguei na comida toda a minha raiva. Como se isso pudesse me curar, quando na verdade só disfarçou minha dor. Quero entrar na mesma igreja amarela em Trujillo, sentar no mesmo lugar e agradecer. Agradecer por tudo que me aconteceu desde a última vez que estive ali. Eu sou uma nova pessoa, uma nova mulher e descobri em mim potenciais e força que não fazia ideia que tinha. Eu honestamente pensei que não iria dar conta do recado. Mas está tudo certo, como deve estar. Toda vez que olho para minha filha, não consigo sentir raiva, não consigo reclamar, ela é tudo de melhor e maior que podia me acontecer. Ela escolheu a mim e ao pai para trazê-la a este mundo,e isso já é muito grandioso. Já entendi que a relação dela com o pai é um problema deles, regate deles e que não devo ficar no caminho, muito pelo contrário, abrir portas para facilitar essa comunicação, mas é só! Nada mais!
Há quem fale as bobagens de "não vai voltar grávida de novo", e preciso rir. Rir porque essas pessoas não sabem de nada da história, não sabem nem metade do que aconteceu, me desconhecem inteiramente, e desconhecem o fato de fiquei um ano tentando engravidar e não conseguia e aí finalmente quando não estava mais com este foco, aconteceu! Helena "amigos", não veio por acaso. Foi muito, muito planejada, esperada e amada! O que não foi planejado, amado e esperado foi tudo que veio depois, mas aí é outra história para outra hora...
Não me arrependo de nada. De ter amado, de ter vivido tudo o que vivi, da entrega, das esperanças, dos sonhos... como boa escorpiana sou intensa e amo muito, demais. Sofro na mesma proporção também.


E como escrevi lá em cima, o Universo te coloca no lugar certo na hora certa. Não estava nos meus planos ir ao Peru tão cedo, não fazia sentido para mim voltar lá. Pelo menos não agora. Um amigo colombiano me indicou para a organizadora do I FITCH e primeiramente como era um festival de mulheres dramáticas, sugeri "Cabeças Autônomas", mas era inviável levar dez mulheres ao Peru. Então decidi mandar material do "Cartas de Além Mar" e uma semana depois, ainda em dezembro soube que iria. Começava os dinossauros na barriga fantasiados de borboletas. Era preciso voltar e eu voltaria. A história de amor da freira portuguesa pelo soldado francês, as cartas trocadas, o desejo sentido. Lá estou eu, frente a frente com Mariana. Ator e sua verdade na veia. Visceral. Um amigo escreveu um trocadilho no face "Lisiane Alcoforado ou Mariana Berti"? Não importa! Vivemos nosso amor, nossa loucura, nossas certezas, aprimoramos nossa força, seguimos... seguimos de cabeça erguida!! E isso é o que verdadeiramente importa.
Vou num momento muito feliz. Vou leve (fisicamente ainda falta um pouquinho hehehehe), vou de coração aberto, vou despojada de medos, pronta para encontrar, falar, olhar no olho e sentir... Sentir é a palavra. O Peru em si é puro sentir...
Hora de fechamentos. De virar a página e começar uma nova história, onde eu sou a protagonista da minha vida, onde EU virei em primeiro lugar. Eu sempre me coloquei em segundo plano para agradar muita gente. Hoje eu ME agrado, estou definitivamente despreocupada com o que os outros pensam e dizem, isso é problema deles. Não meu!
Mariana e eu temos o exercício da dor como aliada nas nossas emoções desenfreadas. A escrita eternizou o amor barroco da freira assim como a escrita foi minha aliada para entender tudo que acontecia e registrar minhas agonias contemporâneas.
Que venha o festival de "Mujeres Dramáticas" (muito propício para mim e Mariana), que venha essa apresentação que será importantíssima para a transgressão de ambas, que venham os encontros e reencontros. Que venha o que tiver de vir. Me projeto, me recupero e me regenero. Vou em paz e na paz! Sei dos percalços mas sei que nenhum caminho corajoso é simples.

Finalmente, encerro com o escritor francês Henry Bordeaux: "Todas as Cartas de paixão deveriam ser chamadas de Portuguesas..."





sábado, 19 de maio de 2018

Hoje lembrei de ti

Hoje lembrei de ti... de tudo que ainda não tivemos, de tudo que ainda não sentimos, de tudo que ainda não planejamos, de todas as risadas que não compartilhamos, de todos os cafés que ainda não bebemos, de toda as viagens que não fizemos, de todos os silêncios abraçados que não acalentamos.
Hoje senti que estás perto de mim, a chuva me acalma e sempre me faz pensar em novas possibilidades de escolhas, de destinos, de sonhos, de voltas que ainda quero dar na minha vida. Hoje te senti bem perto de mim... mesmo que fisicamente longe. Te senti afagando meu rosto e dizendo que em breve vamos nos reconhecer e nos reconectar, que vamos nos reencontrar...
Engraçado sentir saudade de alguém que não se conhece ou nunca se viu, mas que você sabe que existe. Por vezes já me enganei, por vezes achei ser você, mas eram outros, que me ensinaram muito, mas ainda não me fizeram sentir o que sinto só em pensar nesse encontro de almas. Sinto uma leveza que me transforma, sinto uma calma que às vezes não é minha, sinto que você está cada dia mais próximo, e , assim como eu, também me procura. Aprendi a viver comigo, minha solidão é divertida, não é triste, mas já foi, outrora muito complicada. Minha vida é cada vez mais corrida, mas gosto tanto do que faço que me cansaço é físico mas possível de recuperação, na verdade adoeço se estiver parada. hoje ouvi músicas que nunca pensei ouvir, em outras línguas, hoje queria sonhar contigo, sonhar com alguém que ainda não conheci mas sei que vou saber quem é.
Louca? Insistente? Dramática? Carente? Não! Apenas honesta! Escrevo para mim, se isso te incomoda, não leia até o fim. Nem compartilharei dessa vez, porque é só uma sensação. A chegada do inverno na Serra Gaúcha fez isso! Hoje é um daqueles dias que te queria aqui, queria deitar nos teus braços e ficar e silêncio, porque tu me conheces tão bem que saberias que sou assim... talvez eu choraria um pouco e te contaria de dias difíceis, tu não falaria nada, só mexeria nos meus cabelos e me abraçaria mais forte. Saberia que logo em seguida eu ia rir de alguma coisa.
Nos encontraremos em um dia frio, numa cafeteria qualquer, de um país qualquer... sei que não será no Brasil (e nem no Peru...kkkkkk)! Nossos olhares se reconhecerão, mas seremos sutis nesse primeiro momento. O destino se encarregará do resto. Do resto de nossas vidas...
Estou terminando meu processo de cura da estagnação lamacenta de velhos pensamentos e crenças. Absorvida pela minha intuição, apoderada de quem sou e não do que querem que eu seja, dona das minhas ideias, das minhas histórias, senhora de si, sigo... 
Está tudo certo! Tudo aconteceu para que chegássemos até aqui... outras histórias nos fizeram criar essas histórias e unificarmos uma única história. Te espero vivendo lindamente, seguindo minha vida e fazendo o que gosto com quem gosto. Me reconhecerás num dos melhores momentos da minha vida e maturidade. Abrirei as passagens secretas do meu coração, ainda imaculadas por ti, por mim, por nós dois. Haverá verdade, solidez e resistência. Haverá reciprocidade... assim como já houve. 
Saudades sempre de ti...

Lisi

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Bloco dos Artistas, Canela e Identidade!



Uma das grandes paixões dos brasileiros é sem dúvida o Carnaval, uma festa folclórica linda com suas particularidades regionais. Sim, ele tem duas faces, há a bebida alcoólica que se torna farta, há os que abusam das brincadeiras, há o aumento de acidentes e há aquela frase que perpetua que por aqui, no Brasil, "o ano só começa depois do Carnaval" e tudo, inclusive respostas importantes de trabalho, só chegam depois dele. Mas eu não vim falar desse lado "escuro", vim falar, ou melhor, escrever sobre o contágio da alegria, da diversão, da musicalidade e influências de raças que se evidenciam nessa época, seja num samba enredo, seja numa fantasia, numa alegoria. A criatividade, o luxo, a beleza, a identidade e o renovar de energias positivas, mesmo para aqueles que não gostam do "ziriguidum" e preferem fugir para a praia ou simplesmente hibernar em casa.
Canela já teve um dos melhores Carnavais da Serra Gaúcha, com as saudosas noites de carnaval no Esporte Clube Serrano e com os desfiles na rua de blocos como Charanga do Boléia, Só Falta Você, Saímo sem Quere, Los Fantasmas e tantos outros que não lembro o nome, porque eu era adolescente amava assistir os desfiles e tinha uma turma maravilhosa de festa. O carnaval era bem organizado por aqui, mas não lembro e não sei porquê, terminou. Em fevereiro muitos começaram a procurar festas fora da cidade ou da Serra, porque não tinham mais opções e as ruas, antes embaladas pela folia ficaram desertas.
Em final de dezembro de 2017 fui chamada junto com outros artistas pelo Tiago Melo a frente do Departamento de Cultura da cidade que explicou qual era a ideia do carnaval em 2018 e que gostaria muito de formar um bloco dos artistas inspirado no Bloco da Laje de Porto Alegre. O carnaval seria curto, na praça, aberto a todos com a Liga dos Blocos (união do que sobrou dos blocos que comentei antes), o Bloco dos Artistas e programação paralela  em alguns lugares da cidade. E começaram os trabalhos. Pedro Campos tomou a frente chamando onze músicos para compor a Banda do Dionísio que embalaria o nosso bloco com samba de raiz, maracatu, axé, Adoniran Barbosa e aquelas músicas que todos conhecem, cantam e não conseguem ficar parados. Grupo do whattsapp formado adicionando interessados, camisetas do bloco estruturada partindo do Bonecão Tiberius do Grupo Olho Mágico que virou mascote e se fez poesia no estandarte da maravilhosa Potira Moura (responsável pelos figurinos e adereços). Ensaios no Ponto de Cultura Kombinação com 1 litro de leite como ingresso doado ao HCC, esquenta no Aroma Literário com chuva e queda de luz que se ajustou no último minuto. 
Falando em chuva, ela veio junto com a cerração porque por aqui, isso é paisagem cativa, e no primeiro dia oficial da apresentação do bloco, artistas sambando na chuva e lavando a alma. Raças, cores e amores, grupos, cias, amigos e apreciadores da Arte. Só alegria! Só diversão e que energia! Vídeos compartilhados, sucesso! Muitos procuravam para adquirir camiseta ou saber mais informações. Brilhante ideia do Tiago, de unificar isso e retomar o carnaval dessa forma. Ouvi diversas vezes: "Carnaval assim, com esse clima e essa energia boa, só em Canela!"
Evoé Baco ou Dionísio! Evoé bloco dos artistas e Canela! (Para quem não sabe "evoé" era o grito proferido pelas sacerdotisas que cultuavam Baco. Grito de alegria, de exaltação e entusiamo.)
Bacanal (do latim Bacchanalia) eram, na Roma Antiga os rituais religiosos em homenagem a Baco (ou Dionísio), deus do vinho, por ocasião das vindimas, em que havia um cerimonial sério e contrito, de início, seguido por uma comemoração pública e festiva. Dionísio era um deus bastardo para os pagãos. Perambulava por muito tempo pela Ásia menor até que, conta a lenda, pelas mãos do sacerdote Melampo, introduziu-se as terras gregas. Tornou-se um sucesso. Conforme as parreiras se espalhavam pelas ilhas da Grécia e pela região da Arcádia, mais gente o celebrava. Em todas as festas do campo ele se fazia cada vez mais presente. Representado pela figura humana só que de chifres, barbas e pés de bode, com um olhar embriagado. Nos festejos dionisíacos uma teatralização coletiva de inversão de tudo serviam como um acerto de contas do povo com seus governantes. Ainda que metafórico, neles o miserável vestia-se de rei, o ricaço de pobretão, o libertino de líder religioso e a rameira como a mais pura donzela. E até hoje essa inversão permanece não acham? Incomoda? Sim, há os que gostam de Carnaval e os que detestam pelos mesmos motivos.
Vestidos de túnicas roxas e com coroa de hera nas cabeças, a banda do Dionísio embalou a festa. No início uma saudação ao Deus da festa, abrindo os trabalhos, pedindo permissão para entoar os "hinos" de que movimentariam todos. Foi lindo de ver a Praça João Corrêa cheia de crianças, jovens, adultos e os artistas de camisetas roxas (roxo, verde e amarelo são oficialmente as cores do Bloco) dançando e se divertindo.
Vida longa ao novo formato do Carnaval em Canela, simples, sem frescura, com cerração, mas com toda a identidade cultural que só quem vive ou passa por Canela sente. Por aqui a Arte está no DNA da comunidade desde os primórdios e não há quem possa nos tirar isso.
Aproveito aqui para agradecer a todos os artistas, músicos, alunos, simpatizantes da Arte que embarcaram na ideia e foram para a folia com a gente! Sim, o momento do pais é delicado, difícil e triste. Muitos dizem: "ah se o povo se unisse assim para protestar!". Nosso bloco também foi nosso protesto, por liberdade! Liberdade de escolher, de sentir, de se vestir como quiser, de ser quem se é, liberdade de ir e vir e de quebra, uma grande festa teatral.
Estava lá eu, de preto (óbvio), sem muita purpurina (dóe o olho), com minha camiseta roxa do bloco, filmando cada momento lindo. Sou do tempo dos saudosos carnavais em Canela. Fazia muitos carnavais que hibernava e sumia, fugindo do barulho. Neste fiz questão de estar em todos os ensaios e apresentações. Compartilhando a festa, esse era meu papel! Orgulhosa de ser canelense e fazer parte disso tudo!
Ficam aqui meus registros!!!
Evoé!
Seguimos!!

Mestre sala e porta bandeira mirins (Pedro Parmegiane e Pietra Zanatta)


Liga carnavalesca e nosso mascote Tibérius


Banda do Dionísio e bloco dos artistas abaixo de chuva


Mestre sala e porta bandeira adulta Evelise Fagundes e sua alegria contagiante

Eu louca e feliz











sábado, 13 de janeiro de 2018

Mais um Ator e sua Verdade Visceral

Fotos: Sérgio Azevedo


Sete de janeiro de dois mil e dezoito. Mais ou menos meia noite. Domingo. Início de uma profunda dor de estômago que me fez rolar de um lado para o outro da cama. Devo ter ido dormir umas quatro horas da madrugada. Ao acordar me dei conta do porquê da dor... começava o intensivo de verão O Ator e sua Verdade que ministro há sete anos e a dor era o meu corpo dando sinais da energia que iria ter de desprender, trabalhar e das pessoas maravilhosas que iria conhecer.
A princípio dezenove inscritos. Dois desistiram no caminho, um por problemas de trabalho outra por medo mesmo, simples assim! Começamos os trabalhos no teatro Casa de Pedra em Canela com 17 pessoas das cidades de Canela, Gramado, Três Coroas, Porto Alegre, Bento Gonçalves, Garibaldi, Tubarão, Manaus e  Pelotas. Todos devidamente no horário, de roupas pretas, com suas garrafinhas de água e seus lençóis. Começava assim mais um intensivo.
Cada ano escolho um lugar diferente para este intensivo, proponho exercícios diferentes (menos o da música que não abro mão), e sigo sempre minha intuição conforme a energia da troca que recebo dos participantes. Este ano, além das tardes de trabalho, tivemos um noite de prática teórica com apresentação de capítulos lidos pelos alunos,(livro recebido no primeiro dia)e discussão. E uma noite com exercício final, onde cada um poderia convidar uma pessoa para assistir às suas verdades, agora conscientes, trabalhadas e transmutadas em Arte.
Foi lindo! Tiveram momentos tensos? Óbvio que sim, houve desistências ao longo do caminho, houve pessoas que não se permitiram entrega, houve pessoas que vomitaram, tiveram queda de pressão, mas isso sempre houve só que cada ano mais potencializada... mas houveram tentativas e isso é válido. Um mergulho profundo em si mesmo. 



A preparação para lidar com a energia de tantas pessoas começa muito antes dos cinco dias de curso para mim... além da organização, pesquisa, divulgação há também a preparação do espaço e a minha. Me recolho, me preparo, me regenero. Porque preciso estar preparada física, mental e espiritualmente para receber, trocar, potencializar e criar com as verdades alheias. Esse intensivo foi um dos mais especiais depois de alguns anos... voltamos ao teatro. E não há melhor lugar para fazer teatro que no palco. Foi o intensivo que mais participantes teve de fora da cidade e desconhecidos para mim. O que é excelente! Eu estava inteiramente focada, presente e entregue ao meu trabalho. Minha intuição mais presente que nunca. Foi uma semana especial onde ouvi dos participantes muitas coisas que me fizeram ter certeza que este é o meu propósito e que tudo que aconteceu em 2010 para que eu mergulhasse em mim dolorosamente para saber que tipo de teatro eu queria, valeu a pena!



Meus sinceros agradecimentos a essas pessoas incríveis que conheci e reconheci em 2018: Nicolas, Maiquel, Pietro, Túlio, Kelvin, Marina, Geísa, Vanja, Rosane, Ana, Márcia, Sílvia, Mariluz, Luh, Milena e Eduardo. Valeu!!

Criar é dar um salto no vazio...dentro de nós mesmos!





Eu não sou o que aconteceu comigo, eu sou o que escolhi ser." (Carl Jung)