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sábado, 17 de novembro de 2018

Eu nasci... há 42 anos atrás...


Há 42 anos atrás nascia de cesariana uma menina no Hospital de Caridade de Canela, às 2h30 da manhã chamada Lisiane Silveira Berti. Filha de Armindo Berti e Eli Silveira Berti. A primeira da prole de três filhos que viriam mais tarde. Escorpiana. Infância feliz. Na terceira série morou com a avó paterna porque os pais se transferiram para o interior, os via somente no final de semana. Ano difícil e marcado esse. Mas também daí vem a amizade com a menina Helena, mais velha que ela, fruto de inúmeras histórias de feitiços e dois tombos de cavalo (nunca mais curti a tentativa de andar neles). Foi crescendo. Na sua rua da cidade, já de volta com os pais teve amigos maravilhosos os quais tem contato até hoje. Turma do volêi, da fuga das ovelhas, de andar de bici, de esconde esconde e patins. Adolescência interessante. Ensino Médio com a melhor turma que podia se ter, também em contato até hoje com a grande maioria. Vieram os primeiros amores, as primeiras desilusões, as primeiras peças escritas, as primeiras subidas em cena, o primeiro monólogo, as primeiras viagens e festas teatrais. Os primeiros empregos não ligados ao teatro. Formatura, trabalho, atalhos para a suposta chegada em um objetivo. Tempo relógio. Tic tac. Aos 25 primeira filha, amada, aguardada, esperada fruto de uma linda história. Aos 39 a segunda filha, amada, aguardada, esperada, fruto de outro história linda que não acabou tão linda, mas já foi superada.
Pessoas passaram, outras ficaram, algumas se perderam no meio do caminho, eu mesma me perdi diversas vezes. Lágrimas...risadas...recomeços. Acertos, mais acertos que erros. (eu acho!)
A gente não vem com manual de instruções e já é complicado compreender os outros, imagina olhar para dentro de si. Várias vezes precisei consertos, trocar pilhas, ir para a garantia. Várias vezes pifei. Fiquei no cantinho, "parada" acumulando pó. Houveram também grandes momentos onde minha energia foi carregada por horas e funcionei para agradar a outros. Cumpri esse papel com excelência. Foi assim com amores, amigos, trabalho, família... até que fui me dando conta lá perto dos 40 que eu não precisava de nada disso. É, perto dos 40 mesmo! Alguns velhos amigos voltaram, os amores/horrores me ensinaram preciosas lições e o teatro, meu velho escudeiro e companheiro de guerra estava ali, na trincheira. Do ladinho, segurando minha mão.
Quarenta e dois completados com sucesso. Ainda tem "N" coisas a fazer, a melhorar (em mim), desisti de querer melhorar os outros, entendi que se eu estou bem naturalmente meu entorno estará. Também digo NÃO com mais ênfase, falo o que penso (com mais cuidado), me afasto de quem me faz mal e sumo do mapa literalmente, mas não sou do tipo que deseja mal...
Meu corpo também já não é mais o mesmo. Sanfonei. Engordei e emagreci como a roda gigante...agora decidi cuidar da minha saúde (sobretudo emocional) e o resto começou a melhorar. Saí de vários empregos fixos para viver meu sonho, tem sido bem complicado, e várias vezes pensei em mandar tudo a merda, pegar um currículo e largar por aí. Nunca tive medo do trabalho. Mas também não posso sufocar em algo que não tem nada a ver comigo. 
O Universo tem sido generoso comigo, mesmo eu sendo chatinha e reclamando para  caramba (sim falo sozinha com o Universo particular tomando café). As pessoas certas tem aparecido, as parcerias, os trabalhos, os contratos...na verdade está tudo certo como está!
As eleições mexeram demais comigo. RE-descobri pessoas de uma forma peculiar. Me espantei com outras e seus posicionamentos agressivos. Sofri. Chorei. Me recolhi. Busquei entender e sempre torcerei para meu país andar. Mas não me vejo mais em Canela. Não me vejo mais na minha casa. Me sentindo meio andarilha do mundo. Esperando o próximo passo sem pressa, para o novo que virá, e que já está quase batendo a minha porta. Eu sinto! Sei que tudo isso será por uma boa causa. Eu acredito. E o que tiver de ser, sei que sou capaz. Eu consigo!
As dores passadas ficaram em algum lugar do Peru, em julho. Lá a ferida abriu, sangrou, limpou e secou. Há uma cicatriz. Mas ela não é feia. Ela me lembra da beleza de ser quem sou e ser forte e corajosa. Sigo! Sempre! Choro e sigo! Rio e sigo! Atuo e sigo! Escrevo e sigo! Tomo café e sigo! Acolhendo o inverno sigo! Não peço para ninguém ficar ao meu lado. Peço sempre verdade. Honestidade. Só isso me interessa agora. 
Recebi os melhores presentes que podia receber de aniversário: flor de um aluno pequeno de teatro que se despediu chorando, uma almofadinha de coração de uma senhora de 80 anos que ajudei a falar em público e me deu uma aula sobre amor e família, um cactus da minha ex sogra amigona de outras vidas, café dos colegas de teatro e outras "cositaas mas", videokê com os seres mais amados da minha vida que optaram estar comigo num dos espaços que mais criei este ano. Eu não quero grandes coisas, mas os meus sonhos e os pequenos desejos estão todos em andamento sejam no papel ou na minha cabeça. Alguns já em prática. Tudo aquilo que eu quero está se materializando. Faltam ainda alguns pequenos ajustes... Meu coração está tranquilo, minha cabeça alinhada com meu propósito. Não sou nem mais nem menos que ninguém. Sou eu, apenas! Não finjo para agradar, sou reta e objetiva (porém tentando equalizar o tom e a língua para não magoar) afinal, não precisa ser assim.
Sou merecedora! Sou mulher, atriz, mãe, amiga. E as coisas vão dar certo, elas precisam dar certo porque eu sempre acredito!
Eu, melhor do que ninguém, sei do que sou capaz!
Seguimos rumo aos 43...
















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