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segunda-feira, 30 de março de 2020

COVID...CONVIDE...COM VIDA!!



Ei você? Está por aí? Vamos conversar um pouco? Se quiser, claro! Sei que anda complicado acompanhar redes sociais e televisão né? Muita notícia jogada aos quatro cantos, muitos entendedores de tudo. Opiniões divididas, decretos que mudam a cada dia. Sai de casa, não sai? Quarentena. Vírus! Economia x saúde x religião...
Fomos pegos literalmente com as calças na mão, não é mesmo? Por essa ninguém esperava. Ouvimos rumores, mas parece que enquanto não acontece com a gente, não damos bola. Coisa de ser humano hipócrita né...Sim, somos! Não escapamos da própria hipocrisia. Então o COVID19 está aí, no ar, invisível e mais potente que uma bomba atômica, assolando países e virando nossa vida do avesso.
Tem uma carta do tarô que pra mim parece descrever o momento: O LOUCO! (aquele que aparece de cabeça para baixo). É assim que estamos e não sabemos por quanto tempo vamos ficar.
Curiosamente e comicamente (não quero falar da parte trágica, a mídia já tem se encarregado de vomitar diariamente)é justamente quando estamos de cabeça para baixo que ficamos em contato com o "chão". Sabe o cisco que não foi visto? Sabe o ângulo que na correria da vida passou despercebido? Sabe a tua casa que você só parava para dormir, praticamente? Bem vindos! Estamos vendo tudo , forçosamente, de outra forma. Para alguns é desesperador, eu sei! Para outros, libertador! Tudo vai sempre de como você encara isso! Qual teu ângulo de visão? Se você viu o "cisco" agora, vai limpar ou fingir que não viu, deixando acumular mais sujeira? Metáforas...
Tua casa, tua economia, teus pensamentos, tua família, tua saúde. Mesmo que você não queira ou não acredite, todos os teus movimentos agora, mesmo no conforto da tua casa, vai afetar mais que teu umbigo. É meu querido, assim está sendo! Acredite!
Uma faxina planetária! Começamos a ver e ouvir coisas de pessoas que contradizem suas ações. As redes sociais poluídas de ódio, fake news, exibicionismo, futilidades e um pouco de empatia. (Eu disse pouco, bem pouco). Ansiedade pegando, contas batendo na porta, imprevisibilidade de futuro. Ninguém sabe quando isso vai acabar. Existem previsões de contágio, de pico, de tudo...mas não há data certa para tudo voltar ao "livre". Estamos vivendo como personagens de Saramago do "Ensaio sobre a Cegueira". Surreal e tão real ao mesmo tempo. Comemos, bebemos, olhamos séries, celular, dormimos, faxinamos, vamos com cautela ao mercado. E seguimos uma rotina fingindo que estamos tirando de letra, quando na verdade estamos, na grande maioria quase surtando. Momento difícil, bem complicado, onde a Arte, a música e o esporte estão salvando vidas dentro de casa. (contém ironia).
Da minha parte como artista, tentei postar por dia um poema curto na quarentena. Uma forma de contribuir para amenizar o caos. O Covid te convida a isso. Ao medo, ao pânico e ao caos! Mesmo sendo ele minúsculo e invisível. E poderoso! Parou o mundo! Fez o papa rezar uma missa sozinho enquanto o mundo refletia em casa seu momento. Cada um apegado aos seus deuses, suas teses, suas críticas, suas teorias, suas marcas, suas receitas, suas lives, suas sobrevivência. Há pouca transparência!
Poucos, bem poucos sairão ilesos de tudo que estamos vivendo. O vírus vai nos afetar em grande escala, introspectivamente. Sairemos com vida, mas com outra vida. Com outra forma de pensar e reagir. Acredito nisso! Os "podres" e escrotos, continuarão mais podres e escrotos. Há os que ainda acham que são impenetráveis por tudo que ocorre, seguem suas vidas frustradas e infelizes com carro importado, arrotando caviar e falando mal dos outros. Porque "os outros" nunca interessaram, a não ser que se possa ter lucro sobre eles.
Não amigos, não estou irritada, mas sim, já surtei, chorei, tomei baldes de café, até aprendi a cozinhar (odeio), to comendo cebola (sempre detestei), comecei limpeza mas parei porque não tenho paciência, comecei umas três séries, comecei livros, escrevo, falo com amigos. O que me salva? Minha filha menor e sua cachorra e a esperança da filha maior realmente voltar da Dinamarca em maio, sã e salva. Tenho buscado estratégias de sobrevivência. Um dia de cada vez. Tenho obrigatoriamente convivido mais com a família, mas agora mais atentamente. Muitas mãos apareceram para apoiar (de longe e com álcool gel). Outras continuam a violentamente apontar e buscar culpados. Eu cansei de gente assim. Me afastava antes, agora obrigatoriamente em quarentena tento manter elevado os pensamentos. Quem te quer de verdade vai estar contigo. De um jeito ou de outro. Mandando uma palavra, ou oi, uma música, ligando. Pequenas gentilezas que o mundo esqueceu. Somos reféns agora da tecnologia, óbvio que seria muito pior enfrentar isso sem comunicação direta. Morreríamos deprimidos. Mas pasmem, saber e ver tudo todo o tempo, também nos deprime. O abraço nunca se fez tão necessário. A presença, amigos! Nada nem ninguém substitui a tua presença. O afeto! Sempre fomos carentes de afeto, mas disfarçamos bem... Com as redes sociais, viramos "experts" em fingir plenitude e felicidade.
A verdade é desconfortável não? Duas palavras que conduzem minha vida desde 2010 quando surgiu O Ator e sua Verdade. Olhar para dentro de si não é para os fracos, mas pode nos enfraquecer quando nos deparamos com o pior de nós mesmos... "os ciscos" que não limpamos ou fingimos que não vimos. Eles emergem agora com força total com o vírus. 
Nada que eu disser vai melhorar a tua dor ou loucura, ou a ânsia de sair de casa e voltar a trabalhar. Só tu sabe da tua história. Mas te digo, aproveita a faxina interna, limpa, transmuta, vive esse luto pelo mundo, chora, fica quieto, come se quiser, ou simplesmente não faz nada. Mas faz algo para ti e por ti. Diz aos que ama, que ama! Escreve para quem tem faz falta. Libera as emoções presas...presas por décadas, o vírus só está fazendo elas emergirem. 
Sairemos COM VIDA! Eu acredito! Minha fé, apesar dos boletos é maior que tudo! A mesma Arte que me paga, me conforta, me acalenta, me move, me domina. Hora de ir em busca de soluções! Mesmo assim os "humaninhos virulentos" (não de covid19, mas de mediocridade) estarão por aí ainda, sempre estiveram, pior que a peste negra, que a gripe espanhola, que o sarampo, que a tuberculose. Eles se aglomeram na calada da noite, riem na cara do perigo porque se acham imbatíveis. A esses todo meu carinho, precisarão muito de ajuda quando a pandemia passar. Aos garanhões de plantão, que se aproveitam da dor e fragilidade alheia para "cantadas frívolas', (risada debochada) vocês ainda acreditam que isso funciona? Se vocês não tem capacidade de encarar uma mulher de frente e mostrarem quem são de verdade, usem os dedos das teclas que vocês vivem escondidos para exercitar além do membro peniano o cérebro de vocês, se é que ainda possuem.
Falam tanto de nós artistas, nos colocam geralmente no pior escalão, somos rotulados sempre com o que há de mais escroto e podre e incrivelmente, nós é que trabalhamos com os filhos dos casamentos falidos, com as mulheres traídas, com os sem autoestima, com o milionário sem amigo, deprimidos e suicidas com AMOR e EMPATIA e por aí vai... e agora mais que nunca, além dos profissionais de saúde e tantos outros que estão colocando o "seu na reta", nossa Arte tem sido um alívio, um bálsamo no meio da pandemia.
Não tenho medo do vírus, tenho tomado minhas precauções e cuidados. Tenho medo do pós-vírus, das pessoas que não saberão viver nesse "novo mundo" onde o coletivo vai imperar. Separação do joio do trigo queridos. Escolhas. Quem você quer de verdade do seu lado? Quem vai aguentar você como você realmente é, e ainda te amar? Vai valer o carro importado, a roupa de marca, ou o abraço apertado e carinhoso de quem se preocupa contigo de verdade? Pense nisso? Tenho praticado esse exercício diário. 
Como falei do maravilhoso Saramago, encerro minha escrita (no meu blog, no meu face, onde ninguém é obrigado a nada):

"A pior cegueira é a mental, que faz que com que não reconheçamos o que temos a frente."