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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Palavra-chave: VERDADE!

Após o intensivo "O Ator e Sua Verdade", ministrei uma oficina de clown, a pedido para um grupo de Taquara, a "Oficina de Clown - Uma Experiência da Nobre Arte de ser Palhaço". Novamente jogamos com a verdade em cena, a pureza, a inocência e eu vi e ouvi tanta coisa maravilhosa. Pessoas disponíveis, entregues ao processo de expor seu ridículo e fraquezas.

Encerramento do Curso de Clown no Alpen Park

Ambos os cursos foram permeados pela questão da verdade em cena, da verdade do ator e eu me vi questionando a minha verdade. A minha verdade enquanto diretora, atriz, professora...não consegui mais parar de pensar nisso, pois não posso ir contra minha natureza e contra os princípios que eu mesma "prego". Afinal, qual é minha verdade agora? A minha verdade é que ando trabalhando com um bando de gente hipócrita, que me tem como "mão-de-obra barata e qualificada", porque não me valorizam, não falo da questão financeira, mas de respeito mesmo. Agem conforme convém, e não são justos como deviam, não mesmo. Me questiono diversas vezes sobre o que adianta estudar pra caramba, pesquisar, tratar as pessoas com respeito, ser honesta comigo e com os outros, trabalhar com disciplina, com verdade, se pessoas a minha volta fazem exatamente o oposto e são muito mais valorizadas e "ovacionadas" do que eu? Sempre digo que artista gosta de carinho, antes de qualquer coisa, então quando nos magoam, isto tem um efeito colateral inimaginável...somos muito mais sensíveis que os seres "ditos normais", sofremos mais...erramos mais!
Tenho procurado seguir uma linha de pensamento lógico, com boas ações, entre elas, mas às vezes, acho que não tenho saído do lugar. Por que eu não puxo saco dos diretores como a maioria dos meus colegas fazem? (detalhe, eles acabam conseguindo mesmo o que querem com isso...pasmem!)Por que eu não baixo a cabeça e concordo, apenas? Por que eu não levanto bandeiras de partidos, siglas ou compro guerras pessoais, só pra fingir que me importo como tanta gente faz...Assim como palhaço, devo ser uma fracassada! Uma ridícula por acreditar nas coisas quem ninguém mais dá bola! E sinto que é chegada a hora de seguir outras verdades minhas, que ando deixando de lado. Não consigo disfarçar, fingir ou ignorar. 
Tenho aprendido importantes lições com todos que tenho trabalhado, desde o segurança ao coordenador geral, desde a faxineira a produtora executiva e por aí vai...
Só peço mais respeito, sabe? Respeito pelo meu trabalho, por quem sou, pela minha história...não sou melhor do que ninguém, mas coloco sempre verdade e coração nas coisas que faço, mesmo que muitos achem insignificante ou atropelem o que pra mim era um ato cênico especial. Tenho muita "estrada", mas não faço questão de ficar falando nas rodas sociais, ou nas redes sociais postando fotos, para me gabar como vejo os meus "colegas" com um toque de "sinta-se um lixo sei mais que você" fazer. Pobres criaturas desalmadas!Desalmadas de sutilezas e sensibilidades, inerente aos VERDADEIROS artistas.
Então, eu sou palhaça, vivo de instantes...
E apesar de tudo isso, também tem gente muito boa e especial que tenho convivido em mágicos instantes que a arte sempre me proporciona! E isso, caríssimos "empreendedores do meio artístico", "leiloeiros do entretenimento", isso vocês NUNCA vão entender, e NUNCA vão comprar. De mim, jamais!


2 comentários:

Anônimo disse...

Puxa Lisi...Ando bem mais sensível depois da experiência Clown que vc nos proporcionou, e me emocionei com seu desabafo... É muito difícil lutar pela arte, sobretudo para quem mantém a dignidade e coloca a arte em primeiro lugar. Parabéns pela excelente profissional que és!!! Adorei trabalhar contigo e pude comprovar tudo que a Sá me dizia. Compartilho da mesma admiração agora...
Bjos! Sandro.

teatro + Lisi = vida de lisi disse...

Querido, vocês me fizeram repensar muitas coisas, também estou em processo...grande beijo!