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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Cartas para não ler, para não rasgar...

Começo aqui com frases do livro "Minhas Queridas" de Clarice Lispector, onde tem cartas dela trocadas com suas irmãs, livro que ganhei do meu querido amigo e colega Mario Ballenti de amigo secreto.
Selecionei a seguinte carta: "Há pessoas que, quebradas de seu orgulho, nada mais têm. Eu sou horrivelmente difícil de se viver com. Mas não é por culpa minha, acredite. Eu bem que me controlo, mas sou tão sensível. A vida é longa...Um pouco de solidão me fará bem. "
Eu, Lisi, às vezes fico confusa sobre ser ou não difícil de viver. Meu ex marido (ex a nove anos diga-se) deve me achar horrivelmente e insuportavelmente horrível de viver, eu realmente fui no finalzinho com ele. Não consigo atuar na vida real. Sou tão transparente que às vezes dói e magoa as pessoas. Eu sei, e não consigo me segurar. Ainda e sempre! Fujo quando estou mal. Gosto da solidão, às vezes. Para criar, para dormir, ler, sentar, pensar bobagem...Gosto e desgosto!
Mas seu eu fosse me modificar, não me transformaria numa mulher normal. Não mesmo! Sei que passo longe das mulheres normais. Ser mulher já é tão difícil...Talvez eu apenas me desarmasse menos...ando sempre munida de ideias, pensamentos nem sempre nobres, bobagens, tom sobre tom...iria querer ser mais sóbria de bons pensamentos...
Ando me reecontrando. Aos poucos. Voltando a ser a Lisi de sempre. A não estressada, a que acredita que tudo sempre dá certo no final, a divertida, a guerreira, a forte super fraca, a doida, a criativa, a mãe da Ísis.
Quando me acomete alguma dor, dor de espírito, me refugio em casa, choro, depois me olho no espelho para ver o rosto gordo inchado e vermelho e começo a rir da minha própria dor. Insignificante!
Tenho sempre sonhos reveladores...Me guio por eles...presto atenção. Minha intuição agora está aguçada. Necessito voltar ao palco com algo que me faça mudar, crescer, revolucionar, transmutar...Anseios...
Pegando o gancho da Clarice lá em cima, se fosse trocar cartas com meus irmãos, acho que não daria um livro, falo pouco com eles, sinto que me jogaram de pára-quedas lá na minha familia. Amo eles, mas prefiro ficar afastada. É meu jeito de amar...de longe...
Seriam cartas, para não rasgar...seriam curtas e grossas, como sou às vezes, ou melhor, quase sempre...
Tenho que exercitar mais meu lado doce e meigo...a voz da porca da arca levantou uma voz meiga que nem eu sabia que eu tinha...talvez esteja aí o lance...agir como uma porca? Não...alô!
Já comecei a escrever merda...hora de ir dormir...adios muchachos...

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