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domingo, 1 de março de 2009

O PAPEL DA PLATÉIA


Olhando no youtube uma entrevista da Drica Moraes de seu monólogo "A Ordem do Mundo" ela diz uma frase muito interessante: "Não temos que dar a platéia o que ela quer, temos que dar a platéia o que nós queremos dar". Aí começou a minha pulga atrás da orelha...

Já fiz quatro monólogos na minha constante vida de atriz. Três cômicos e um drama. Já tive platéias de todas as cores, de várias idades, de muito amores...(salve Martinho da Vila!) e muitas vezes recebi elogios da platéia quando pra mim a apresentação tinha sido horrorosa, ou outras vezes o contrário, gostei e ouvi críticas... Sempre me interessou muito a reação da platéia quando estou em cena, consigo estar ali, com meu personagem, mas com a Lisiane Berti atenta, a qualquer mosquito que seja...não sei se isso é bom ou ruim...mas comigo sempre foi assim. Com a idade chegando, o conhecimento aumentando e prática constante, começo a repensar a função da platéia num espetáculo...ela é o termômetro mesmo...ou é inerte...Não, platéia inerte,não existe!

Dar a ela o que queremos dar...acho que os atores acostumaram muito mal a platéia...ouço sempre coisas do tipo: "Infantil vende mais", "Comédia é mais fácil..." e não concordo em suma.

Comédia é difícil pra caramba! Fazer o público rir, falo aqui de humor inteligente, não de caricaturas humorísticas, não é fácil não...Quando você pensa que tem a platéia ali na mão, ela escapa por entre os dedos...pensa que eles vão rir na piada "tal" e aí eles surpreendem rindo de coisas que ninguém nunca riu até aquele momento...Estranho!

Concordo com a Drica! Temos que nos sentir bem fazendo o "ato", a "cena", o " personagem" primeiro, para depois darmos a platéia o que ela quer...senão corremos o risco de sair do palco desprovidos do óssio, da polpa, da navalha na carne, da origem.

Agradar não é nosso objetivo, até porque não somos animadores de festa ou algo do gênero, mas concordo que fazer coisas bizarras, sem sentido, só pra contrariar, também não me "desce".

Dar e receber...dou em cena o que a platéia me oferece primeiro...respiro com eles, soluço com eles e quando posso rio com eles também...hoje, quando entro em cena, minhas maiores preocupações são: "estar no tom", "emoção verdadeira" e "personagem"! E quando eles não estão em sintonia saio do palco com aquela sensação de "FIZ MERDA HOJE E DAS GRANDES",mas sorrio, aceno e cumprimento, por que sou ATRIZ!!!E depois, olho pro diretor que não me diz nada na hora, mas os olhos me dizem tudo e ai...lá vamos nós outra vez, né Julio Zaicoski...

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Lisi. Aquele dia faltou luz e nossa conversa no msn ficou pela metade, mas é isso mesmo. A mesma platéia que te aplaude também vibra com o teu tombo. É uma relação delicada e estimulante. Principalmente na comédia, às vezes, nos vendemos pelo riso fácil e o personagem nos abandona, e muitas vezes ele não retorna... Temos que dar a platéia o que nós realmente temos que dar, afinal de contas as pessoas estão lá pra receber o que a gente tem que dar! Um beijo do seu diretor, JZ