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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Vamos falar de amor?

Sérgio Azevedo Fotos

Amor. Casamento. Essas palavras nem sempre andaram juntas. Antigamente os casamentos eram arranjados pelos pais para que o dote fosse estabelecido. Uma garantia quase de sustento. Com o tempo houveram casamentos/associações onde seria bom que a "família tal" se unisse com a "família tal" ambas de renome, por uma questão de acúmulo de patrimônio. Também tivemos o casamento romântico, aquele focado só no amor, que tinha como compromisso "sempre juntos" e de repente o sempre juntos se transforma numa absurda rotina, passam-se os anos, as pessoas apenas "suportam-se juntas" mas já não se amam, se toleram. Aí veio a contemporaneidade, a era digital e o casamento/amor ficou quase obsoleto. Você pode arranjar uma pessoa em dois cliques, ir para algum lugar em três cliques, mudar o perfil para "relacionamento sério", amar, desamar, brigar, se expor em rede social e tudo fica instantâneo, superficial. Clica e fim!

Falar de amor nunca foi tão urgente e necessário. Todos os dias somos invadidos por notícias de violência e indiferença, basta ouvir os noticiários. Parece que o desamor tomou conta de nossas vidas. Os poetas, seres amorosos e intensos por natureza, já sabiam e sempre tentaram explicar através de rimas e sonetos e inclusive nos alertaram sobre isso. Amar todo tipo de amor. Amor as coisas, as pessoas, aos seres presentes ou que já partiram, oniscientes, amar a si e ao outro, amar quem nos ama, amar quem nunca nos amou. É tempo de celebrar o amor, adaptá-lo à sua própria realidade, fugindo dos clichês e trazendo só o que realmente vale a pena.
Quando a Carol e a Bibi me convidaram para o casamento, eu sabia que não podia perder e me organizei para estar presente. Acompanhei o inicio de tudo e o quanto o AMOR (eu disse amor) mudou a vida dessas duas mulheres incríveis e corajosas. Não lembro qual tinha sido o último casamento que tinha ido, não gosto muito desse ritual e nunca foi meu foco. (Nunca casei apesar de já ter morado com outras pessoas, mas o sonho de noiva nunca se fez presente em minha vida).  Um lindo final de tarde de um sábado ao ar livre, o tempo mudou mas o amor sempre vence. Abriu-se um céu lindo (quem mora em Canela sabe que chuva é cotidiano por aqui e sempre você precisa de um plano B caso tenha algum evento na rua). O cenário: Magnólia! Lugar antigo, rústico, descolado e de bom gosto, uma das casas  mais antigas da cidade assim como o amor. Convidados selecionados a dedo. Nada de convidar o mundo todo para se "mostrar" como  a maioria dos casamentos, ali estava quem elas amavam, e quem amavam elas. Artistas. Música. E que música, as noivas entraram ao som de Johnny Hooker "Flutua" cantado a quatro vozes incríveis. Emoção estampada nos olhos marejados de todos. Palmas. As noivas lindas, cheias de personalidade e com olhos brilhantes entram em cena... Não há inveja! Há orgulho! Orgulho de duas mulheres que não tiveram medo de quebrar todos os padrões possíveis e estarem juntas. A cerimônia foi uma aula de como o amor pode mudar as pessoas. Música, discursos emocionados, benção, pai nosso. Eu sutilmente saí do meio dos convidados e me posicionei numa mesinha onde podia ver toda a cena de longe. Adoro observar plateia. Além dos convidados, na rua haitianos e outras pessoas passavam, paravam e contemplavam. Eu disse, contemplavam... não era curiosidade como quando acontece um acidente e todo mundo quer espiar, era olhar e sentir o amor. Porque amor de verdade inspira, mexe com a gente, transforma.

Cerimônia linda. Recepção linda. Gente linda. Festa linda. A cara delas! Personalidade!
Nos dias obscuros que vivemos poder presenciar um casamento assim, onde há amor, escolha, verdade, olho brilhante, ternura, afeto, companheirismo é gratificante. Me senti honrada de estar por lá. Honrada em fazer parte dessa história linda que a Carol e a Bibi protagonizaram e seguirão firmes. Sim, porque firmeza não falta a essas duas. Força, coragem! Mulheres de "culhão" sabe, se é que me entendem!

Tudo que mais precisamos é amar, não por escolha, mas por uma questão de necessidade. É hora de unir versos, conhecer e respeitar outros universos, ser como se é, amar o que se tem, quebrar padrões e fazer a sua travessia. Nem tudo ou quase nada são flores, mas para alcançar o amor, seja ele qual for, você precisa entender que vai ter tudo em tão pouco e agradecer por isso. Que sejamos intermináveis em nossa entrega!
A Carol e a Bibi eu desejo assim como o Cazuza, todo o amor que houver nessa vida. Felicidade! Sigam sendo e fazendo exatamente o que vocês são! Amamos vocês! Nos reconhecemos em vocês! Festejamos com vocês! Choramos com vocês! O amor venceu mais uma vez! Na verdade ele sempre vence, mesmo que a gente relute em aceitar.

Viva o amor! Vivam as "chamis" mais fodas da cidade...

Carol e Bibi


Um comentário:

Ana Rocha disse...

Lindas noivas e lindo texto sobre o verdadeiro significado do amor!