Páginas

quarta-feira, 8 de abril de 2009

A MALDITA NECESSIDADE DE FALAR


Seria de tamanha ética se nosso aparelho fonador não respondesse aos nossos estímulos e não falasse demais, justamente quando devíamos permanecer silenciosos, em ressonância consigo mesmo.
Sempre procurei cuidar da minha voz, como meu maior instrumento de trabalho, cuido com cigarros, bebidas quentes ou geladas demais, bebo muita água para ajudar a lubrificar as pregas vocais, mas ainda não aprendi nenhuma técnica que me proíba de falar demais. Quando digo falar demais, não significa mudar apenas o padrão vocal ou falar “pelos cotovelos”, mas sim, espetacular a maldita língua, sem pensar, deixar a fala “solta” e sentir a angústia quando você sabe que devia ter ficado de boca fechada quando deixou escapar aquela frase, aquela palavrinha inescrupulosa, aquele tom de deboche que poderia ter digerido.
Os profissionais da voz são todos os indivíduos que tem como seu instrumento de trabalho sua própria voz para exercer sua profissão. È ela uma impressão digital assim como nossa fisionomia variando conforme idade, sexo, estado emocional, etc... Ela mostra quem nós somos!!!
No meu caso, que falo sempre, ou quase sempre minhas opiniões, meus pontos de vista, minhas críticas, minhas interjeições, meus conselhos, meus textos, meus apelos, minhas dúvidas, minha raiva, enfim, todo o meu ser, isto torna-se problemático!!
O som amplia-se na boca, através dos lábios, (como se não bastasse dois), com a ajuda das bochechas, da “Dona Língua”, do “Seu Palato” e da dolorosa “Dona Mandíbula”. Já pensei em usar uma fita adesiva, fiz apostas do tipo “quem falar primeiro perde”, fingi estar triste e quieta, mas quando dava por conta, “bláblábláblá”.
Não que eu seja uma pessoa extremamente tagarela, insuportavelmente falante, incoerente. Já me policiei a falar socialmente, já tentei organizar pensamentos, resumi-los e falar o que se deve, mas sempre me deixo conduzir pela emoção, por caminhos ora tortuosos, ora divertidos. Nem sempre tenho boa aceitação. O falar exige esforço, mental, físico, psicológico e com todo respeito, não é todo mundo que consegue falar o que realmente quer. Uns pensam uma coisa e falam outra, outros pensam e deixam as frases empoladas demais dificultando a clareza para o ouvinte, outros nem pensam e falam somente o desnecessário, o desconcertante, o desagradável.E há os que não falam mesmo, porque não querem, ou porque não podem. Ou pior, porque não sabem!
Talvez eu sofra de uma disfonia vocal, causada pela ânsia de falar, talvez eu devesse procurar uma fonoaudióloga e pedir ajuda vocal ou talvez devesse ouvir mais e falar menos. Enquanto meus lábios não se governam e meu cérebro atormenta minhas cordas vocais emitindo toda a variedade sonora possível, em Dores maiores, Resquícios menores, Minutos tensos, Falas soltas, Soltando o verbo, LÀ vou eu, Sim, caros ouvintes, coloquem seus fones de ouvido ou venham dialogar comigo. Estou aberta a conversações!!!!

(Lisiane Berti – abril de 2009)

2 comentários:

Kira luá / Burro disse...

Quem fala, fal o que sente e isso é estar viva!
Beijos
Ah! adoro suas fotos são lindíassimas!!!

Luxuria disse...

O boca maldita, mas alguém tem que falar né?!! Bju Lisitaaa!!!