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sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

A pressão emocional do fim do ano




Então mais um ano acabando. Começa aquele alvoroço de o que fazer no natal, para onde ir no ano novo, festa da firma, amigo secreto, família, presente.. uma jornada cansativa, só o pensar cansa! Desfilam nas redes sociais brindes e fotos de gente "super feliz" agradecendo ano. Seu whatts entope de correntes, árvores e desejos de boas festas de pessoas que você nem sabe quem é, o velho "copia e cola", afinal é mais prático, você consegue enviar milhões de mensagens em segundos... super prático. Mas aí começa a pressão emocional, você "tem" que se reunir com a família, você "precisa" fazer ceia, ah mas você não gosta disso... diferentona! Você tem que brindar, pular 7 ondas, usar branco, comer porco, lentinha que traz dinheiro, usar calcinha amarela da sorte, e tantas outras baboseiras e rituais inventados por alguém em algum momento...
O país literalmente pega fogo! O mundo caótico, energia pesada no ar... a retrospectiva inevitável e maldita de 2017 começa, mesmo que você lute contra ela. O que ganhou, o que perdeu em 2017? Realizou sonhos, abandonou sonhos? Quem você foi em 2017? Foi alguém para agradar os outros e deixar de ser você mesmo, ou passou o ano se afastando de tudo que não te faz bem?
Não escrevo para ser pessimista ou amarga, não me entendam mal, por sinal nem espero que leiam ou comentem, escrevo pra mim, como sempre fiz, desde a infância, nos meus diários, agendas que guardo até hoje. Pra mim escrever é uma grande terapia e chove lá fora, a inspiração e vontade vieram. 
Meu ano não foi lá grande coisa não, foi um ano de ajustes, que me propus a trabalhar muito (e trabalhei para caramba) e limpar todas as minhas "nhacas", exercitar o perdão sobretudo comigo, voltar a acreditar nos meus projetos e no que sou, não no que esperam de mim e a resgatar/curar/sanar minhas histórias de família bem complexas. Meu foco: queria ser um ser humano melhor! Acredito que vou repetir de ano, não passei em algumas "provas", mas consegui desembaçar a vista e enxergar coisas que "fingia" não ver... cada ano os amigos de fé tem diminuído consideravelmente, já nem sei se enchem uma mão, já nem sei em quem confio de verdade, os mais próximos acham que me conhecem, nem tanto, quem me conhece de verdade não precisa ficar escrevendo textão para mim na internet ou em datinhas ditas especiais, a gente sabe quem realmente se preocupa com a gente, e não aqueles que aparecem somente para conseguir algum favorzinho de última hora. O discurso é bem previsível...
Este ano fui literalmente um limão, bem azedo. Como me irritei com pessoas, com coisas, com trabalhos... Como me afastei de muitos para não brigar ou bater de frente, na contramão engordei. Meu ódio me engordou, minha raiva me engordou, minha mágoa me engordou, minhas frustrações me engordaram. A relação que tenho com a comida atualmente é péssima e obsessiva/compulsiva, é a fuga. Alguns lerão e dirão "é falta"!Eu preciso rir, porque todo mundo sabe de tudo e tem remédio para tudo, mas na verdade ninguém faz realmente nada. Não me envolvi com ninguém, meu coração estava em recuperação, colando cacos e achei melhor deixá-lo novinho em folha e não me envolver pela metade e fazer o que fizeram a vida toda comigo, me atirar migalhas, e pasmem, durante muitos anos me contentei com as malditas migalhas e fazia festa, achando que arrasava.
Meu exercício em 2017? Foi tentar ser fiel a mim, falar a verdade, não tenho porque esconder, não tenho porque fingir ser quem não sou, para ser a "curtidinha da net", a felizinha do teatro...Por falar no teatro, minha relação com ele vai bem mais a fundo do que a vã filosofia sonha, é muito mais que pisar num palco, que atuar, vai além corpo, além alma, por isso meu respeito por ele profundo. O meu azedume acabou respingando nas minhas filhas, que seguraram crises minhas sem nem fazer ideia. Minha família mal visitei e me envergonho disso, queria ter aproveitado mais cada um, mas meu coração não sentia vontade então me isolei. Parei de falar do pai da Helena e com o pai da Helena, um perdão difícil mas já trabalhado. Muita terapia, floral, regressão, acertos e erros... minha relação péssima com comida recomeçou aí, com a baixa autoestima e uma bomba relógio de problema para resolver todo dia. E ainda tenho que ouvir piadinha escrota e de mal gosto sobre o Peru... ah se vocês soubessem tudo o que passei  desde o dia que soube estar grávida até ontem, pensaria duas vezes antes de vir com piadinhas "escrotinhas"... não falem do que não sabem, não julguem, não levantem hipóteses a meu respeito, venham falar comigo diretamente e me perguntem. Responderei com verdade e café, sou madura e bem resolvida, por isso trabalho minhas merdas, para que virem adubo, e ser for pra rir e fazer piadas, dá licença mas deixa que eu mesma faço, afinal eu sou a única pessoa no mundo que sei exatamente quem sou.
Mais pressão... contagem regressiva... 5...4...3...2...1! FELIZ ANO NOVO! Sério que vocês acreditam que depois do dia 31 tudo vai ser resolvido, tudo vai mudar? Sério que um brinde  e 7 grãos de uva e um prato de lentilha trarão abundância e amor! Bingo! Se fosse fácil, faria contagem regressiva todo dia e me "empanturraria de lentilha". (Nossa que insuportável que ela está, que azedume!) Me bloqueia baby! Para de ler, não mandei vir "futricar" no meu blog, tá aqui porque quis. Tá incomodado? Cai fora! Outra reação minha em 2017. Não agradar, dizer não para trabalhos que até um tempo atrás jamais diria. Tirar férias, ficar mais tempo curtindo minha casa, focar nos meus projetos e aí veio o Estúdio do Pesquisa Teatral , sucesso absoluto para mim, mas nem por isso saiu do alvo de piadinhas escrotas como "como vai teu botequinho", "É isso o estúdio? Que pequeno!", "Tu teve até nota no Zero Hora, tá te achando eim!", entre outras coisas... eu ri! Ri porque aprendi a me posicionar e analisar de fora, e ver que essas pessoas só tem isso, uma pobreza de espírito absoluto, e não serei eu que vou fazê-las mudar de ideia!. Cada um com seu caminho, eu estou seguindo o meu. Reapareceram fantasmas do passado, agindo como se nada tivesse acontecido, pedindo desculpas. Ouvi, desculpei de verdade mas optei por não estar perto. Depois de anos de sofrimento a gente entende quem quer realmente estar com a gente, e quem está pela gente. O que ela fizer eu topo, não me mecho para nada, ela faz tudo, tem ideias, escreve, dirige e eu vou lá atuo e reclamo e ela que se vire. Artista sanguessuga! To fora! Mas tive muitos em minha vida.
Conheci gente massa para caramba, alunos que me deram orgulho de ser professora, dirigi um dos trabalhos mais importantes da minha vida "Cabeças Autônomas", que espero honestamente que voe alto em 2018. Estudei, voltei aos poucos a me exercitar. Produzi muito. Comi muito! Bebi café até pelos poros, chorei bastante afogada na poça do meu travesseiro, respirei fundo umas 500 mil vezes para não esganar muita gente, paguei boletos, trabalhei. Dormi melhor. E faltando duas semanas para o tão 2017 terminar veio a bomba relógio, notícias ruins numa madrugada qualquer ligada a morte na família que me deixou em choque e me fez, nestas duas semanas trabalhar profundamente minha relação com minha família, fisicamente, espiritualmente, astralmente. (contarei sobre voos astrais em outra postagem).
Tudo é lindo, até não ser com a gente. Sempre  se tem palavras certas, até não ser com a gente. Sempre parece fácil resolver, até não ser com a gente ou com alguém que a gente ama. A ideia de morte te faz lembrar da vida e a merda toda que você anda fazendo com ela!
Dois dias para o final do ano. Senti o peso do meu 2017 nestas duas últimas semanas, enquanto colegas desfrutavam de trabalhos natalinos meigos, outros postavam fotos sensuais e super bem sucedidas, eu tentava me olhar no espelho e ver onde é que estava o brilho dos meus olhos. Onde é que eles tinham ficado e porque é, que mais uma vez eu estava no centro do furacão, tendo que resolver tudo (falando da família) que literalmente cruzou os braços e esperou por mim. Cansei! Cansei muito! Quando canso choro e dou risada ou faço xixi na calça. (Só os amigos que não enchem a mão sabem disso). Mas tenho levantado a cabeça todo dia, respirado fundo, mergulhado em mim, nas minhas dores e histórias e procurado me melhorar, mas para isso tive que tocar nas feridas e fazê-las sangrar.
Dois dias...e sabe-se lá o que virá até 2018. Mas não tenho medo. Justiça divina providencial. Tudo tem propósito e eu sei que estou sendo instigada e desafiada a me preparar para um ano espetacular, preciso me curar, para curar pessoas através da minha arte. Preciso estar muito bem em 2018, por mim, para mim e pelos meus!
Os trabalhos continuam, a vida continua e se entregar é uma bobagem. Lutarei até o fim, até os últimos dias da minha vida pela Arte que eu acredito. Pelos meus e pelos que amo! Incansavelmente e sem esperar nada, o que é bem difícil.
Quero abundância, correr menos, mais qualidade de vida, cachês justos, vida mais tranquila, viagens, conhecimento e amor que me faça feliz em todos os sentidos, porque mereço!
Somos artesãos da nossa própria vida, buscamos sempre ir além, temos mãos e pés para nos levarem onde quisermos, mas para irmos precisamos do primeiro impulso do 'querer'. Querer ir! Se você não se ajuda, ninguém vai te ajudar...
Feliz novo ano aos que tiveram a felicidade ou talvez infelicidade de me conhecerem como realmente sou, sem filtro, sem make, sem personagem. Euzinha, nua e crua!
Vou para o meio do mato na virada, sem ninguém por perto, para pensar, respirar e descobrir mais um pouco do que se passa dentro de mim! Autodescoberta!
Não vai ter mesa farta ritualística, não vai ter gente vestida de branco, não vai ter foguete. Vai ter eu e o céu estrelado. Cabeça, pé e coração! O triângulo! Voltarei melhor, serei melhor,me trabalharei melhor. Ainda preciso ME PERDOAR DE TODO MAL QUE ME FIZ nos últimos anos. Chega da migalhas!!! Eu mereço muito mais em todos os sentidos! 
Seguimos amigos! Seguimos e desculpe se da minha boca saíram palavras ásperas que possam ter te magoado, não era a intenção... ou era! Ah não sei, mas agora foi! (kkkk)
Ah não uso preto por ser gorda, uso desde que me entendo por gente, inclusive minhas festa de 15 anos estava de preto. Eu me sinto apoderada com ele. Tenho roupas de outra cor sim, (UAU), mas uso quando sinto a energia... já tentei roupas mais coloridas, mas elas não combinam comigo, acabo sempre dando de presente.
Limpei meu guarda roupa. Juntei três sacos (de roupas boas e usáveis) e dei para minha vizinha. Dar roupa velha, que não serve é fácil, decidi dar as que eu usava mesmo. Despreendimento!

Quanto aos rituais de final de ano, faça aquilo que te faz bem! Isso é o que vale! Esteja com quem quer estar contigo! Diga a quem ama que ama, e a quem odeia que odeia e porque odeia. 

FELIZ 2018!







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