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domingo, 15 de outubro de 2017

Automákina encerra com chave de ouro o Bonecos Canela 2017

Automákina - Sergio Azevedo


Depois de nove dias de uma programação que se propôs a discutir Diálogos entre Bonecos e Tecnologia seja no recurso ou na temática, a 29º edição do Bonecos Canela encerrou com um lindo dia de sol (depois de vários dias chuvosos e frio), comemorando os 29 anos da Cia de Pernas pro Ar de Canoas e nos fazendo refletir profundamente sobre nós mesmos. 
"Automákina Universo Deslizante", espetáculo instalação, nos fez pensar sobre o mundo que construímos, quem somos, a solidão que nos aprisiona e nos liberta, e a verdadeira máquina que faz tudo funcionar: o coração! O mundo pessoal e impenetrável do Duque Hosain´g, nos faz pensar sobre o tempo que está a nossa disposição, e o quanto na verdade, ele dispões de nós. Tudo a nossa volta é o reflexo da energia de como fazemos e de quem somos, afinal não há como fugir de nós mesmos. Que Universo temos criado para nós, afinal? Presos nos tornamos livres... livres ficamos presos a qualidade do nosso tempo. E quando nos damos conta, um alarme soa ensurdecedor dentro de nós mesmos, alertando que já não há muito tempo, e que não temos controle de absolutamente nada, mesmo que tenhamos passado a nossa vida inteira tentando controlar tudo. Nos isolamos, criamos realidades paralelas, numa ânsia torturante era nosso coração já não dá conta de bombear os restos que sobraram de nós, dos nossos sonhos... e esse ritmo compassado soa como uma prece, um grito que tantas vezes sai sem som da boca do personagem...
Da tecnologia e engenhocas da Automákina, do clássico primoroso da Cia Artesanal "O Gigante Egoísta" com seus atores orgânicos e do "Viva Gustavo" que gritamos mais de uma vez (na ânsia de recuperação do componente da cia com problema de saúde), da simplicidade do "Entre Janelas" e da amizade de Pitu e o menino que nos comoveu amavelmente, do espantalho da Merlim Puppet Theatre da Grécia que nos arrancou lágrimas falando da solidão de um espantalho numa Terra de Ninguém, do divertido e carismático alemão Thomas Herfort e suas marionetes divertidas e tão carismáticas, sobretudo com as crianças que animou a todos, dos romenos divertidos (e cachaceiros no bom sentido) de Gulliver e sua projeção em 3d que nos deixou interagindo entre bonecos e animação, do Bóris, o leão robô da Circatronic, que infelizmente não conhecemos e o drama do espanhol Oriol que perdeu suas bagagens (perderam na verdade) e ele não pode apresentar, dos divertidos manipuladores da Marionetes Guarujá de SP e sua irreverência, do retorno do Quiquiprocó e do seu simpático boneco Rodrigo, ouvir o cachorro mais charmoso de todos os tempos, Abelardo, que já foi mestre de cerimônias desse festival com seu humor canino,  das cias de Canela e Gramado que se uniram lindamente, mais de uma vez para desfiles, gravações e entradas ao vivo, oficinas e como público. A qualidade dos dois bate-papos, o retorno de mídia, a apropriação da plateia do festival, a homenagem irreverente na abertura a presidente da Fundação Ana Glenda Viezzer... foram tantos motivos para comemorar, que a gente até esquece das dificuldades, das picuinhas de bastidores, dos "pavões" que aparecem querendo colher louros, da chuva que atrapalhou sim a programação de rua mas nem por isso deixou de acontecer...
Canela, cidade pequena, mas de coragem gigante, de povo simples mas de alma nobre...
Assim somos nós... daqui muitos saíram para ganhar o mundo nos caminhos da Arte , e outros tantos ainda sairão...
Esse festival é de todos nós, das pessoas que o iniciaram, das pessoas que o levaram adiante, das pessoas que se projetaram com ele, das pessoas que ainda virão a apresentar/trabalhar/coordenar/produzir nele. Todos ganham com este festival... artistas, comunidade, turistas, Canela ganha! E pode ganhar muito mais, se passar a trabalhar ainda mais em conjunto, potencializando a arte bonequeira e lembrando que quem brilha são eles: os bonecos!
Que venha os 30 anos!!!


Desfiles


Sol




Um comentário:

Unknown disse...

Que lindo Texto, adorei as reflexões sobre Automákina, sei lá estas loucuras da vida, ele só chegou agora até mim, mas agradeço muito ter podido estar ai com vocês, levando nosso trabalho, mais um neste turbilhão de maravilhas que passam por Canela, Obrigado por sua entrega de coração para que isto acontece-se, Evoé, posso publicar este Texto da Automákina? beijosss