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domingo, 27 de novembro de 2016

Um História de Canela


Existem trabalhos que te procuram e não  você que vai atrás deles! Em julho de 2016 veio um convite de criar algo para o centenário do Grande Hotel Canela, hotel este que está há 100 anos sendo administrado pela mesma família (Os Corrêa!) com excelência em atendimento e hospitalidade. Pensando no que fazer, não via um palco com atores, mas sim aproveitar o cenário do próprio hotel, o antigo casarão e oferecer ao público uma experiência (teatro tem sido assim pra mim). A plateia reduzida tomaria um café da tarde com os personagens da história, Danton Corrêa e Anita Franzen Corrêa. Passou alguns meses e veio a confirmação de que iríamos realizar a proposta, não tão grande como pensávamos no projeto inicial, mas com a mesma veracidade e simplicidade do formato da ideia inicial.
Então veio o mergulho na história da cidade, da família Corrêa, do empreendedor João Corrêa que não é um mero busto na Praça da cidade, mas um homem que em menos de 20 anos trouxe progresso e construiu uma cidade do nada, em épocas que não existia eletricidade, telefone, e que a palavra selava contratos. Depois o estudo dos filhos e de outro jovem garboso e batalhador Danton Corrêa, sempre preocupado com a cidade, em ajudar pessoas e fazer o melhor e sua amada esposa Anita, que tocava violino e topou a loucura de não só casar mas tocar com seu amor o hotel dos Corrêa. 
Entrevistamos pessoas, conversamos, mexemos em arquivos, um mergulho na época, na família e no próprio hotel. Para mim um presente! Sempre verbalizei que acredito muito na minha cidade e no potencial que ela tem. Nas pessoas que por aqui passaram e ainda passam, marcando sua passagem com história.
Canela é lugar para sonhar, para turista morar, Canela é hortênsia! O centenário do hotel nos faz refletir um pouco sobre o nosso papel enquanto cidadãos conscientes e claro, a mim, enquanto artista... que Canela queremos deixar aos nosso filhos? Os Corrêa viram possibilidades, na verdade, um mato de possibilidades, pois foi assim que conheceram Canela. Incrível que homens de cabeça tão geniais e abertas, não tenham o devido valor que deveriam por tudo que fizeram na história da minha cidade. Me pergunto: Quantos sabem quem foi João Corrêa? Maria Luiza? Danton Corrêa? Borges de Medeiros? Será que só nas aulas de história basta "pincelar" os conteúdos? De novo não nos apropriamos do que é nosso! Um povo que não conhece suas raízes, não vai a lugar algum...
Parece que Canela está voltando ao embrião de suas origens: MATO! Um pouco jogada aqui, um pouco abandonada ali, um pouco comparada lá! E isso não vem de agora... Nos falta a visão dos que por aqui chegaram e fizeram deste lugar uma terra melhor para se viver e sonhar!
Estreamos dia 23 nosso espetáculo, onde a plateia é recepcionada por um ator e um violinista, conduzida ao antigo chalé de 1930 que hoje é museu (sabiam que tem museu no Grande Hotel? Pois é, tem!) onde Danton Corrêa surpreende a plateia com seu porte e sua forma simples de bem receber e depois, aos sons da sineta da Dona Anita (como era antigamente) são chamados para um delicioso café, na parte do casarão onde era a cozinha da família, onde o casal conta um pouco da vida que levam em 1938, no auge das festas e bailes no hotel, onde o verão era a temporada mais forte e o inverno praticamente o hotel nem abria. Café, bolos, o famoso pão de cinco grãos da Anita, o saboroso apfelstrudel do Castelinho (o melhor da região), e história.
Café, teatro e história!
Quer combinação melhor?
Quem ainda não assistiu pode se programar para os dias : 30/11, 03,07,10 e 14/12 às 18h30min. O ingresso para tudo isso é apenas R$ 45,00 e pode ser adquirido na recepção do hotel.
O mais interessante é que a cada apresentação aprendemos e nos emocionamos mais com a própria família (netos, bisnetos) que deram seus relatos emocionados, com os funcionários mais antigos do hotel que nos dão dicas de como eram os protagonistas da nossa história, dos amigos que vão assistir e choram logo no início porque conviveram com estas pessoas.
Tudo simples, mas rico em conteúdo!
No elenco: Gustavo Waz (Arthur), Emiliano Marzano (Danton com uma incrível semelhança física) e Paula Lovatto (Anita, igualzinha no porte e na expressividade) com a participação especial de Jardel (violinista). Texto e direção meus, com auxílio de muita gente!
Gratidão por esse trabalho ter me "procurado", acho que os trabalhos acabam tendo a "cara" de quem os faz, e não vejo este em outras mãos (sem pretensão!). Porque eu gosto de trabalhar dessa forma!
Convido a todos que prestigiem, vale a pena no meio dessa loucura natalina, tirar um tempinho e viajar com a gente!






















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